Blog

Dualidade

Tenho medo.Todas as noites tenho medo.De não amar demasiado.De não sofrer demasiado.De não pensar demasiado.De não sorrir demasiado.De não querer demasiado.Porque não levo a vida em demasia.A vida é uma passagem e nós estamos a caminho e no caminho.Mas se consigo sair, também consigo entrar.E amo demasiado.E sofro demasiado.E penso demasiado.E sorrio demasiado.E quero demasiado.E […]

Tinhas em ti todos os sonhos do mundo

Tinhas em ti todos os sonhos do mundo.
Eu tenho em mim todos os medos do mundo.

Ver-te é existir mais um bocadinho

Ver-te é existir mais um bocadinho. Mas esse bocadinho é tão pouco  Que a pouco me sabe Na sofreguidão dos dias que em mim se prolongam.  É tão pouco e em ti há tantoMistério para desvendar E nesta imensa solidão de corpos De almas perdidas somos apenas enigmas que por aí navegamE nem Santo AgostinhoFoi capaz de explicar.  Desvenda-me o olhar E que […]

Que tristeza

Que tristeza, ai que tristeza Que tristeza que trago no peito Neste mundo há tanta frieza E já não há um amor perfeito. Trago dores de um passado sombrio Mas ninguém parece querer saber Lá ao longe navega o navio E eu choro por já não te ver Que alegria, ai que alegria Levo as […]

Porto, são doces os teus belos encantos

Porto, doces os teus belos encantos A noite anima-me com os teus mais pequenos recantos Que eu te venho desvendar Porto, generosidade a tua Nem uma rua de amargura O teu cheiro é formosura Em ti descanso o meu leito Porto, sou a tua noite escura Nem tormento nem amargura Amanhece-me o encanto. A tua […]

Lisboa tem cheiro a poesia

Lisboa, tens cheiro a poesia Amor, dança e fantasia Janela debruçada sobre o Tejo Mas em mim eu não te vejo. É leve o teu respirar Gosto de contigo acordar Numa frescura desnuda Que me abraça com ternura. Lisboa, levei o teu amor Mas trago as tuas manhãs de verão. Manhãs que em mim tardam […]

Não me acordes 

Não me acordes Não quero acordar Deixa-me mais um pouco Para te poder sonhar. Nesta noite tardeiPorque ao teu corpo me entreguei? Agora já não o seiDeixai-me ficarEm sonhos me encontrarei  Acordei Fui buscar um café Chiça, que o entornei!Estarei a sonhar de pé?  Não me acordes Para ir espreitar à janela Que desgraça! Passou por mim aquela cadela?  São cinco da tardeTanto dormi […]

Carlos do Carmo, o adeus ao Frank Sinatra português

Já se passaram quase 4 anos desde o teu último concerto, o concerto da despedida que, infelizmente, pouco tempo depois, viria a ser mesmo uma despedida. Lembro-me bem de, na madrugada do dia 1 de janeiro de 2021, ter descoberto com enorme tristeza que o meu adorado Frank Sinatra português tinha partido, apesar de nos […]

Não regresses

Não regresses 
Não te quererei 
Se um dia foste tudo 
O que sempre sonhei.

Tiraste-o de mim

Escrevi-te pela primeira vez num poema.

O difícil é ser-se simpático

Ao contrário do que possa parecer, o difícil não é ser antipático, é ser simpático. A antipatia é a forma mais fácil de estar na vida. Uma pessoa antipática não tem de se preocupar em sorrir para as pessoas ou em cumprimentá-las e saber como estão. Limita-se a ser na sua existência individualizada, e é por isso que é antipática.

Sonho ou realidade?

Conhecer e interagir com o nosso ídolo é uma sensação estranha e fantástica. Quando o sonho e a realidade se misturam, sentimo-nos, ao mesmo tempo, poderosos e pequenos.

Belos olhos azuis tem o meu avô Zé

Belos olhos azuis tem o meu avô Zé. Refletem bem a beleza, pureza e grandeza da sua alma. 

Crescer

Crescer é um processo difícil que exige um despertar intelectual e emocional que por vezes não é fácil de acompanhar e pode reter-nos num abismo de amargura. Crescer é estar a sós connosco e aprender a viver com essa solidão, e por isso mesmo nos obriga a ser seletivos, exigentes e a fazer um escrutínio […]

Tardemos o beijo

Beija-me, meu amor Beija-me o rosto Que em grande alvoroço Regozija em teu doce luar. Beija-me o mar distante Numa loucura delirante. Beija-me a noite escura Nas noites de tormento e amargura. Beija-me as tardes lentas Em fervura, por ti sedentas. Beijo os teus doces beijos. Beijo as tuas manias e ironias. Beijo-te num eterno […]

Desfaço-me na travessia da vida

A vida se desfaz E com ela me desfaço. Tempo perdido Um olhar adormecido Travessia de um viver Que desejava não ter nascido. Vivo e desvivo Barco adiante, perdido Vejo a luz que ilumina. E no escuro que me escrutina, Dilata a retina Quando vê aquilo que se avizinha. Lá vem ela, por entre a […]

Olhares que se cruzam

Oh, meu amor! Diz-me o que os teus olhos veem, quando olham para mim. Diz-me aquilo que sentes, quando te vem o cheiro a jasmim. Deixa-me ver no teu olhar Um luar adormecido Um beijo doce aquecido No âmago do teu jardim. Oh, que ternura e sentimento No meu pranto um tormento Por não te […]

Dança da juventude

Dança, a pobre criança. Dança com o sabor do vento. Dança ao relento num mar de alento. Ai, como dança! E ri-se!Oh, se ri!Gargalhadas esvoaçam por entre a veste da juventude. Vibra a criatura!Oh, como ela dança!O vento que a balança e repõe a esperança. Meu amor, meu amor, não te vás! Ainda não!Dança! Esbelta […]

Pesa-me ser eu

Hoje tudo me pesa.

A cidade corrompe o homem ou será o homem que se corrompe a si próprio?

Vivemos num mundo em que muitos veem a cidade como fonte de riqueza, tanto a nível material como intelectual. Devido ao progresso técnico, financeiro e industrial, guiados pela ciência e pela tecnologia, consideramos que é nas cidades que podemos melhorar-nos enquanto seres humanos e, dessa forma, alcançar a felicidade. Vivemos numa constante ansiedade de viver […]

Desprazer

Que desprazer! Desprazer de tudo fazer O que faço, desfaço O que construo, desconstruo Nada mais do que este cansaço. Ah, poder ser tudo e não ser nada! Desfaço-me, desconstruo-me Vivo e desvivo Sou eu ou sou nada? Ser eu sem ser nada É viver apagada Filipa Fidalgo 2015

É urgente o Amor, É urgente um barco no mar. É urgente destruir certas palavras ódio, solidão e crueldade, alguns lamentos, muitas espadas. É urgente inventar alegria, multiplicar os beijos, as searas, é urgente descobrir rosas e rios e manhãs claras. Cai o silêncio nos ombros, e a luz impura até doer. É urgente o amor, É urgente permanecer.

Eugénio de Andrade