Poesia

Dualidade

Tenho medo.Todas as noites tenho medo.De não amar demasiado.De não sofrer demasiado.De não pensar demasiado.De não sorrir demasiado.De não querer demasiado.Porque não levo a vida em demasia.A vida é uma passagem e nós estamos a caminho e no caminho.Mas se consigo sair, também consigo entrar.E amo demasiado.E sofro demasiado.E penso demasiado.E sorrio demasiado.E quero demasiado.E […]

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Ver-te é existir mais um bocadinho

Ver-te é existir mais um bocadinho. Mas esse bocadinho é tão pouco  Que a pouco me sabe Na sofreguidão dos dias que em mim se prolongam.  É tão pouco e em ti há tantoMistério para desvendar E nesta imensa solidão de corpos De almas perdidas somos apenas enigmas que por aí navegamE nem Santo AgostinhoFoi capaz de explicar.  Desvenda-me o olhar E que

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Que tristeza

Que tristeza, ai que tristeza Que tristeza que trago no peito Neste mundo há tanta frieza E já não há um amor perfeito. Trago dores de um passado sombrio Mas ninguém parece querer saber Lá ao longe navega o navio E eu choro por já não te ver Que alegria, ai que alegria Levo as

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Lisboa tem cheiro a poesia

Lisboa, tens cheiro a poesia Amor, dança e fantasia Janela debruçada sobre o Tejo Mas em mim eu não te vejo. É leve o teu respirar Gosto de contigo acordar Numa frescura desnuda Que me abraça com ternura. Lisboa, levei o teu amor Mas trago as tuas manhãs de verão. Manhãs que em mim tardam

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Não me acordes 

Não me acordes Não quero acordar Deixa-me mais um pouco Para te poder sonhar. Nesta noite tardeiPorque ao teu corpo me entreguei? Agora já não o seiDeixai-me ficarEm sonhos me encontrarei  Acordei Fui buscar um café Chiça, que o entornei!Estarei a sonhar de pé?  Não me acordes Para ir espreitar à janela Que desgraça! Passou por mim aquela cadela?  São cinco da tardeTanto dormi

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Tardemos o beijo

Beija-me, meu amor Beija-me o rosto Que em grande alvoroço Regozija em teu doce luar. Beija-me o mar distante Numa loucura delirante. Beija-me a noite escura Nas noites de tormento e amargura. Beija-me as tardes lentas Em fervura, por ti sedentas. Beijo os teus doces beijos. Beijo as tuas manias e ironias. Beijo-te num eterno

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É urgente o Amor, É urgente um barco no mar. É urgente destruir certas palavras ódio, solidão e crueldade, alguns lamentos, muitas espadas. É urgente inventar alegria, multiplicar os beijos, as searas, é urgente descobrir rosas e rios e manhãs claras. Cai o silêncio nos ombros, e a luz impura até doer. É urgente o amor, É urgente permanecer.

Eugénio de Andrade