Que tristeza

Que tristeza, ai que tristeza
Que tristeza que trago no peito
Neste mundo há tanta frieza
E já não há um amor perfeito.

Trago dores de um passado sombrio
Mas ninguém parece querer saber
Lá ao longe navega o navio
E eu choro por já não te ver

Que alegria, ai que alegria
Levo as memórias comigo
Se é tanta a tua sabedoria
Porque não me levaste contigo?

Escreveste tantos poemas
E não me revi nos teus versos
Foram noites de tantos dilemas
Existimos em tantos universos.

Ahhhh que tristeza, ai que tristeza
Que tristeza não te ter por perto
Salva-me deste inverno frio
Troca o inseguro pelo certo

E se não te vejo mais, foram os nossos beijos banais?
Nas loucuras e nos tormentos,
foram tantos os sentimentos.

Que tristeza, ai que tristeza.
Em meu leito, só frieza.
O teu jeito deixou-me assim
e levou-me a pureza.

Filipa Fidalgo, 2023

Que somos nós? Navios que passam um pelo outro na noite, Cada um a vida das linhas das vigias iluminadas E cada um sabendo do outro só que há vida lá dentro e mais nada. Navios que se afastam ponteados de luz na treva, Cada um indeciso diminuindo para cada lado do negro Tudo mais é a noite calada e o frio que sobe do mar.

Álvaro de Campos