Beija-me, meu amor
Beija-me o rosto
Que em grande alvoroço
Regozija em teu doce luar.
Beija-me o mar distante
Numa loucura delirante.
Beija-me a noite escura
Nas noites de tormento e amargura.
Beija-me as tardes lentas
Em fervura, por ti sedentas.
Beijo os teus doces beijos.
Beijo as tuas manias e ironias.
Beijo-te num eterno amanhecer
Que me prolonga a ânsia de tanto te querer.
Meu amor, já se faz tarde.
E eu tardo na tarde de te beijar.
Oh, meu amor!
Refresca-me no teu respirar,
Como é bom contigo acordar.
Sentir o teu corpo, sem te tocar.
Porque em ti me vejo,
Em ti me revejo.
Em ti me construo e me descontruo
Em ti desnuo a minha desnudez.
Em teu doce olhar
Voraz avidez.
Meu amor, não tardes em me beijar!
Por aqui fica
Que eu por aqui fico,
Tardemos os dois
Num beijo que se tarda.
E na loucura de imensos beijos
Pratico-me na arte de te amar.
Filipa Fidalgo, 14 de Abril de 2020